O que são Cuidados Paliativos e o papel da enfermagem no processo de cuidado
A diminuição da dor e a busca pelo conforto são os princípios básicos do paliativismo ao tratar de pacientes sem prognóstico de cura
A morte é um tema sensível para a grande maioria das pessoas e o ‘medo’ nos faz adiar uma discussão importante e necessária: como desejamos passar pelo processo de morte. Enquanto o óbito é tabu para muitos, na área da saúde ele é discutido há anos desde o surgimento dos Cuidados Paliativos – conceito que visa o bem-estar e o alívio da dor do paciente por meio de um suporte que permite uma vida ativa, digna e confortável (dentro do possível) aos que estão frente – ou não – à finitude.
Diferente do que se entende por Cuidados Paliativos, eles são indicados a todas as pessoas sem prognóstico de cura, doenças crônicas ou patologias irreversíveis – existentes não só na oncologia, como na pediatria e geriatria também. Apesar da ausência de cura como base da conduta, os CP não são oferecidos a pacientes necessariamente em fim de vida; há quadros em que é possível viver anos (a depender do diagnóstico ou situação em que se encontra) sob os cuidados – e a enfermagem tem papel fundamental nesse processo.
Vania Mansur é enfermeira oncológica do Hospital e Maternidade Madre Theodora em Campinas (SP) e atua em Cuidados Paliativos há um ano. Segundo ela, o(a) enfermeira(o) paliativista elabora um plano terapêutico individualizado (junto ao médico especialista da doença ou patologia) ao paciente para que a melhor conduta seja oferecida a ele no enfrentamento do processo de forma ativa.
“É importante entendermos que o paliativismo não é sobre o fim da vida e sim a busca incessante por uma qualidade de vida maior, com dignidade e respeito durante o enfrentamento da doença – ou patologia – até o seu falecimento. Os Cuidados Paliativos não prolongam a vida, mas diminuem a dor ao trazer conforto, reduzindo o sofrimento e adaptando o cenário dentro das possibilidades estruturais e do contexto familiar”, explica Vania.
O objetivo principal do paliativismo está em amenizar a dor e sofrimento do paciente – seja de origem física, psicológica, social ou espiritual. Há pacientes em estágios “finais” que têm o desejo de comer ou beber algo específico e a enfermagem presta um suporte emocional também aos familiares que acompanham todo o processo – pois muitas vezes “‘adoecem” junto do enfermo, como conta a supervisora de enfermagem.
“Ao criarmos o plano de cuidado, a família ou cuidadores são acionados para entendermos a realidade e o contexto em que o paciente está inserido para que a melhor conduta seja feita. Não são todas as famílias que têm estrutura emocional ou física para manter o paciente em casa – principalmente os que estão de fato no fim da vida – e, nesse caso, buscamos garantir com que ele consiga ter as pessoas queridas ao lado dentro da instituição para se despedir e passar o mais confortável possível pelo processo”, diz Vania.
A equipe paliativista
Além da enfermagem e do corpo médico, existe uma equipe multidisciplinar de paliativistas como psicólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas, fisioterepeutas, assistentes sociais entre outros profissionais que, junto da equipe médica, estabelecem o melhor plano de cuidado ao paciente.
“É um trabalho em conjunto onde respeitamos a individualidade do paciente e evitamos, quando possível, procedimentos invasivos. Alguns não querem ser entubados ou utilizar sonda nos últimos dias de vida; ir a óbito em uma UTI e nosso trabalho é tentar adaptar o cenário através das condições dele, buscando o melhor conforto e reduzindo a dor emocional”, conta a enfermeira.
O olhar humanizado da enfermagem
Para Vania, os Cuidados Paliativos precisam de mais visibilidade e um olhar mais humano. “Notamos a falta de informação tanto dos profissionais da saúde quanto do público de forma geral a respeito da conduta de cuidado. Se fala pouco sobre o tema e, por se tratar de um cenário mal explorado, o entendimento equivocado acontece. Existe um preconceito com as tratativas paliativas e é preciso quebrar essa visão cultural”, observa ela.
Ao ser questionada sobre o enfrentamento da morte, Vania conta que é preciso ir além do conhecimento técnico: a quebra de crenças é essencial para atuar nesse campo. “Quando iniciei na oncologia, a morte me abalava muito, mas desde que entrei no universo paliativo minha visão mudou completamente sobre o processo de finamento. Hoje converso muito com meu marido sobre como eu gostaria de enfrentar a morte e naturalmente passou a ser um tema mais leve”, afirma.
“A quebra do preconceito e do medo precisam ser trabalhados primeiro em nós, profissionais, para então aplicarmos e levarmos ao paciente. Para eu falar do processo de morte, preciso entender como ele funciona e meu equilíbrio emocional precisa estar alinhado para atuar com êxito. Por isso, uma enfermagem bem capacitada e com olhar humanizado é o que trará segurança e equilíbrio ao paciente e familiares em um momento delicado”, finaliza.
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